quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Lúcia Hiratsuka - escritora e ilustradora

Quem é Lúcia Hiratsuka?

Lúcia Hiratsuka nasceu em Duartina e mora em São Paulo desde os 16 anos. Depois de se formar em Artes Plásticas, pes­quisou sobre os livros ilustrados na Universidade de Educação de Fukuoka no Japão (1988-89). Escreve e ilustra os seus livros, sendo que uma parte do trabalho é voltada para a pesquisa de mitos e lendas do Japão. Muitas dessas histórias ouvia na infância pela voz da avó.

Eu - Jean Carlo tive muita alegria de estar pessoalmente com ela na tarde do dia 14/11/2012, para celebrarmos o III PROJETO "VOCÊ É O AUTOR". Batemos um longo papo e ainda ela fez uma linda ilustração "bambu" usando a técnica sumiê.



Todas as ilustrações de suas obras são utilizadas a técnica SIMIÊ - pintura milenar chinesa.

* A palavra sumie significa “pintura a tinta” em português e consiste numa técnica de pintura em preto-e-branco originada em mosteiros budistas da China durante a dinastia Sung (960-1274). Adotando esses princípios, o sumiê exerce uma dicotomia interessante. Preto-e-branco, concreto e abstrato, água e terra, controle e espontaneidade são manifestações presentes nessa arte, que, a partir do século XV, passou a retratar também pássaros, flores e paisagens.


Divulgação
Autora de Muli (Ed. DCL) e Histórias Tecidas em Seda (Cortez Editora), Lúcia Hiratsuka trabalha e conversa no ritmo da beleza que é seu trabalho: cheio de simplicidade e delicadeza.

A menina que quando criança gostava de ler ou ouvir histórias que me provocavam medo, tristeza, riso, “ou simplesmente despertassem uma curiosidade ou encantamento”, tornou-se uma premiada e renomada escritora e ilustradora de livros infantis. Das artes plásticas ela foi feliz para o fazer histórias, após conhecer a ilustradora Eva Furnari.

Veja o que ela conta mais sobre si mesma e o lançamento de Muli, uma história linda com monstros que não são nada assustadores, mas que nos dão muito o que pensar.


CRESCER: Você teve a ideia de Muli há algum tempo, não foi? Como aconteceu?
Lúcia Hiratsuka: Faz mais de cinco anos, acho que a primeira imagem que me veio foi a de um monstro engolindo uma semente. Uma imagem puxa outra. Então, veio a imagem de uma planta nascendo na barriga do monstrinho. No começo esse personagem era muito tímido, vivia querendo se esconder porque não tinha a barriga peluda como os outros... foi assim o ponto de partida. Depois, o Muli já não era tão tímido tanto quanto eu pensava.

C: Sabemos que a literatura infantil é algo que não precisa ter uma função - muito menos pedagógica. Mas qual foi a intenção que você tinha com o livro, ou o que você achou que iria provocar nos leitores quando viu ele pronto, em suas mãos?

L. H.: Quando a história estava mais ou menos pronta, eu senti que ela podia ser bem lúdica e poética. E a ilustração ia ajudar nisso. E me diverti desenhando o monstrinho bravo, triste, espantado, ele usando chinelo, virando cambalhota, o pai lendo jornal e tomando café, a irmã com fita, o cenário de pedra e areia, as moradias ... Quero que os leitores se divirtam e ficaria mais feliz ainda se conseguir instigar a imaginação das crianças, o que não é difícil, pois elas são muito criativas por natureza. Então, vai um desafio — o que mais esses monstrinhos aprontam no dia a dia?
C.: As crianças precisam falar de seus medos? A literatura é uma maneira?

L. H.: Acredito que, tanto para a criança, quanto para o adulto, falar de medo é uma forma de enfrentá-los. O medo que não tem uma cara é o mais assustador. Por isso o monstro sempre esteve presente desde a narrativa oral, em todas as culturas. Quando eu era criança gostava de ler ou ouvir histórias que me provocavam medo, tristeza, riso, ou simplesmente despertassem uma curiosidade ou encantamento. Acho que o livro pode ser uma maneira de vivenciar essas emoções. No caso do MULI, o livro não é para causar medo, mas é de um monstrinho que tem os seus medos, bem parecido com a gente.

C.:
Qual é o seu processo de trabalho (todos nós, leitores, sempre temos esta curiosidade, não?). Você ilustra e escreve ao mesmo tempo?

L. H.: Houve época em que eu procurava histórias. Quanto mais eu queria uma história extraordinária, parecia que tudo já tinha sido contado. Aos poucos percebi que as histórias estão muito perto da gente. Comecei a encontrá-los dentro de mim, nos meus sentimentos, nos meus encantos, espantos, dúvidas, nas minhas brincadeiras de infância, ou num episódio contado por minha família. Coisas simples, mas que se transformam e viram uma história bacana. Não publico tudo o que escrevo, existem textos que ficam guardados para sempre.
Em geral, eu escrevo primeiro e depois ilustro. E, na hora de ilustrar, o texto vai tomando o formato final. Se consigo mostrar uma cena com o desenho, posso até cortar o texto, ou mudar. Isso é o mais gostoso, ficar jogando com texto e desenho. Mas tenho histórias contadas só com imagens e outros em que o texto é mais independente.

C.: Hoje a oferta de livros infantis é extensa. Qual o maior desafio de criar e assinar um bom livro para crianças?

L. H.: Para o autor, antes de tudo, acho importante estudar muito. Não publicar tudo, selecionar, tentar amadurecer devagar. E encontrar o seu melhor. A nossa vivência é única, como uma impressão digital. Isso não significa contar a sua vida. Pode ser total ficção. Mas ser verdadeiro.

C.: Quem ou que tipo de arte mais inspira você?

L. H.: Nesses últimos tempos, gosto de olhar desenhos em grafite. E eu tenho me inspirado muito no sumiê (uma técnica japonesa), nas pinceladas, na simplicidade e naturalidade.

C.: Você pode contar um pouco sobre sua trajetória? Desde quando publica livros para crianças? Quem nasceu primeiro: a ilustradora ou a escritora?
L. H.: Eu era recém formada em Artes Plásticas quando conheci a Eva Furnari. E descobri que eu poderia juntar o que mais gostava, desenhar e inventar histórias. Era o meu desejo desde criança, vivia rabiscando no chão do quintal ou na tulha onde meu pai espalhava café. Para conseguir o meu primeiro trabalho de ilustração, escrevi e ilustrei uma história, montei um livro e foi aceito por uma editora.


C.: Quando isso aconteceu?

L. H.: Esse livro não está mais em catálogo, mas foi importante para começar, aconteceu mais ou menos em 1984. Depois vieram alguns outros livros, mas continuei estudando — pintura, gravura, desenho, texto. Em 1988 fui para o Japão estudar sobre livros ilustrados no Japão. Fiquei um ano, voltei para o Brasil e lancei vários livros, alguns são recontos de lendas japonesas que eu ouvia da minha avó. Outros são de ficção. Ganhei alguns prêmios importantes e participei de muitas exposições, continuo aprendendo sempre e quero trabalhar com livros sempre.


C.: E para o futuro? Quais são as novidades que você está "aprontando" para a Bienal?

L. H.: Pretendo publicar várias histórias inspiradas na minha infância que passei num sítio, no interior de São Paulo. São histórias que tem como ponto de partida o imaginário da criança, as brincadeiras, as descobertas simples num quintal, no jardim, ou então os primeiros conflitos com a família, com amigos, com bichos... essas coisas que acontecem com todo mundo. Acho que mais dois livros saem para a Bienal.

domingo, 16 de setembro de 2012

Patrícia Melo é a Agatha Christie brasileira

Quem é Patrícia Melo? Por que gosto dessa escritora e seu estilo de escrever?

Patrícia Melo (Assis, 2 de outubro de 1962) é uma escritora brasileira. Escreve principalmente obras policiais, conhecida por seus livros dedicados a analisar a mente de criminosos[1]. É casada com o maestro John Neschling.
Em 2001, ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura por seu trabalho em "Inferno". No mesmo ano, havia iniciado no teatro trabalhos com a peça "Duas Mulheres e um Cadáver"[2]. Voltaria ao teatro em 2003, com a peça "A Caixa"[2]
Na televisão, Patrícia acumulou dois trabalhos: a minissérie "Colônia Cecília", que foi ao ar em 1989 na Rede Bandeirantes e "A Banqueira do Povo", produção portuguesa exibida em 1993.
No cinema, ficou conhecida por adaptar o livro Bufo & Spallanzani, de Rubem Fonseca para o cinema. Curiosamente, Rubem Fonseca seria responsável por adaptar seu romance Matador para o cinema em 2003, no filme O Homem do Ano.
Em 2009 a autora levou toda sua obra para a Editora Rocco, onde os sete livros lançados pela Companhia das Letras serão relançados ano a ano[3]. A autora afirma que deixa CIA das Letras sem mágoas.

Livros da escritora:

Ano de LançamentoLivroEditora
1994/2009Acqua ToffanaCompanhia das Letras/Rocco
1995/2008/2009O MatadorCompanhia das Letras/Companhia de Bolso/Rocco
1998/2010Elogio da MentiraCompanhia das Letras/Rocco
2000/2010InfernoCompanhia das Letras/Rocco
2003/2010Valsa NegraCompanhia das Letras/Rocco
2006/2010Mundo PerdidoCompanhia das Letras/Rocco
2008/2009Jonas, o CopromantaCompanhia das Letras/Rocco
2009Aranha Dailili[4]Zit Editora[5]
2009A Viagem de Filomena[6]Zit Editora[7]
2010Ladrão de CadáveresRocco
2011Escrevendo no escuro

 
Patrícia Melo faz parte da lista de escritores contemporâneos que utiliza como

matéria-prima o cotidiano caótico dos grandes centros urbanos. A presente

dissertação busca localizar os romances

Acqua toffana (1994) e O matador (1995)
na história literária, a partir do diálogo que estabelecem com o romance policial, o

romance-reportagem e os escritos de Rubem Fonseca. Também é uma análise

comparativa da formação da visão de mundo das personagens principais dos dois

livros, ressaltando, além da fragmentação, a influência do sistema televisivo. Ainda

comparativamente, o trabalho evidencia como a violência física é utilizada pelas

personagens como produto de consumo, meio de aceitação ou forma de quebrar

padrões sociais de conduta.


 

sábado, 25 de agosto de 2012

FRANÇOISE DOLTO - por quê ler "Os caminhos da educação"?

Livro: "Os caminhos da educação"

Ler Françoise Dolto hoje, nestes artigos e conferências reunidos nesse livro, é encontrá-la livre, admirável, contemporânea. É sentir a força de uma ética que impele a se dirigir a todos, pais e educadores, defendendo a causa das crianças e colocando as aquisições da psicanálise a serviço da educação.
Prática, ela nos fala das crianças que encontrou em sua vida profissional e privada, enfrentando a realidade, em situações familiares que afetam seu equilíbrio: a chegada do irmão caçula, a separação ou odivórcio dos pias, o filho adotivo, o luto, os castigos, a idade dos pais, como formar a consciência de nosssos filhos, o significado do dinheiro, do roubo, os perigos da educação religiosa, das mães que se encontram nos predisiários (Fleury-Mérogis), o fracasso escolar...
Atenta, ela no põe na escuta das palavras, dos gestos, dos comportamentos, dos sinais que traduzem os sofrimentos infantis. Ela defende que jamais os adultos, sobretudo os pais devem mentir às suas crianças. Sempre dizer a verdade. Isso ajudará muito a criança a lidar melhor com a dor e o sofrimento.
Lembra-nos que a criança é "um ser linguagem, e que muitas das dificuldades encontram sua solução quando lhe são explicadas no momento adequado de seu desenvolvimento".

"Educar é suscitar a inteligência, as forças criativas de uma criança, dando-lhe também seus próprios limites, de modo que ela se sinta livre para pensar, sentir e julgar diferentemente de nós mesmos, ao mesmo tempo nos amando".


Livro  da editora Martins


"A ética do humano, na medida do seu desenvolvimento, leva-o a identificar-se com todos os seres da criação. A ética não é a moral. A moral é um código de comportamento; a ética sustenta uma intenção na sua mira, ela é o desejo e o sentido que dele decorre. A moral, seja ela aplicada de forma agradável ou desagradável, seja ou não nociva para outrem, provém depulsões. A ética é assunto do sujeito, a moral é assunto do ego; o sujeito funda-se sobre o simbólico, enquanto que o ego está no imaginário, está a serviço do funcionamento."
 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

"Para roma com amor" - Woody Allen - como sempre é divertido

Poster do filme Para Roma Com Amor
  • To Rome with Love

  • Gênero: Comédia
  • Duração: 102 min.
  • Origem: Estados Unidos, Espanha e Itália
  • Estreia: 29/06/2012
  • Direção: Woody Allen
  • Roteiro: Woody Allen
  • Distribuidora: Paris Filmes
  • Censura: 14 anos
  • Ano: 2012

O longa é dividido em quatro segmentos. Em um deles, um casal americano (Woody Allen e Judy Davis) viajam para Roma para conhecer a família do noivo de sua filha. Outra história envolve Leopoldo (Roberto Benigni), um homem comum que é confundido com uma estrela de cinema. Um terceiro episódio retrata um arquiteto da Califórnia (Alec Baldwin) que visita a Itália com um grupo de amigos. Por último, temos dois jovens recém-casados que se perdem pelas confusas ruas de Roma.




*********************************************************************************
Professora,

SOU ESPECIAL



                Você já se perguntou o quanto você é especial? Há muitas razões para isso.



Primeiramente pela minha existência.

Pelos meus entes e queridos amigos.

Pela presença de todos os animais.

Pelas coisas que a natureza me oferece.

Pela capacidade de perceber o ciclo da natureza (as estações do ano) e da minha vida (mudanças biológicas e evolução do conhecimento).

Pela família, professores, amigos... que contribuíram pelo meu crescimento humano, pessoal e profissional.

Pelas pessoas queridas que já partiram e delas guardo boas recordações / lembranças.

Pela minha saúde que me possibilita a fazer muitas coisas...

Pelo meu emprego, onde posso contribuir com meus ensinamentos e continuar a aprender com meus colegas e com as crianças.

Pela capacidade de aprender e a conviver todos os dias com as pessoas – família, trabalho, amigos... a respeitar os meus limites e dos outros, no seu tempo e momento.

Pela capacidade de aprender a ouvir, a olhar, a dialogar, a sentir...

Pela capacidade de perceber meus erros e desejo de aprender com eles. Torna-me cada vez melhor.

Pela convivência com nossas crianças, que me faz voltar a ser criança todos os dias e pelo encantamento do seu mundo mágico, marcado pelas brincadeiras, fantasias, criações, liberdade, despropósitos...

Pela vontade, envolvimento, dedicação, responsabilidade, compromisso do meu trabalho em vê-las crescer todos os dias.

Pelas pessoas que me aguardam todos os dias, para receber o meu abraço, beijo, afeto, conselho, orientação, ensinamento. A partilha das alegrias, das tristezas, das esperanças... Estreitar os laços de confiança.

Pela minha amorosidade com o próximo.

Pelo meu livre-arbítrio. Poder fazer escolhas e tomar decisões.

Pela preocupação voltada ao cuidado da natureza, do Eu e do Outro.

Pela capacidade de lidar com as situações (im)previsíveis, como desemprego, perda de entes queridos e amigos, separação, doença, etc.

Pelo valor atribuído às Ciências, pelas descobertas e inovações, que tanto contribuem para minha vida e da humanidade.

Pelos recursos presentes que me auxiliam na construção de conhecimentos.

Pelas pessoas e líderes que ajudaram na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e harmônica.

Pela capacidade de observar que a felicidade está nas coisas mais simples.

Pela clareza de que a felicidade não depende necessariamente de coisas, bens ou conquistas materiais (lógico que necessitamos disso). Mas deve-se aproveitá-las com consciência. Se aproveitadas com equilíbrio, podem completar a felicidade na vida de qualquer pessoa.

Pelo valor do silêncio. A busca do próprio Eu. A troca de energia pode dar muito prazer e paz. Desfrutar de campos, praças, praias, casas de amigos, músicas, filmes, peças de teatros, literaturas, etc.

Pelo direito de gozar minhas férias pelo cumprimento da minha jornada de trabalho.

E pelo AMOR presente em mim e nas coisas que faço.

E pelas infinitas coisas que eu mesma posso colocar aqui.



Boas Férias!!!!



Um forte abraço!                                                                                              São Paulo, julho – 2012.
Jean Carlo Mujollo (autoria - Ser Especial)


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Vale a pena asssitir ao filme "O que eu mais desejo" e a leitura do livro "Por favor, cuide da mamãe"

Flime : O que eu mais desejo
Crítica: O Que eu Mais Desejo





O Que eu Mais desejo, novo longa-metragem de Hirokazu Koreeda, é um desses belos exemplos que podemos trazer do lírico e poético cinema japonês, especialmente nos filmes que trabalham as relações humanas no mundo infantil. Até hoje sou visitado pelas imagens do maravilhoso Bom Dia de Yasujiro Ozu, uma obra que plasmou muitíssimo bem a infância no Japão pós-guerra, especialmente com a invasão da TV no país. Em O Que eu Mais Desejo, também temos uma história de dois irmãos, mas estes estão separados geograficamente. Com o divórcio dos pais, Ryu e Koichi (Ohshiro e Koki Maeda, também irmãos na vida real), moram cada um numa extremidade da ilha de Kyushu. Embora tenham muitos desejos, o que eles realmente querem é voltar à família que tinham, estar juntos novamente. E vão usar de diversas artimanhas para consegui-lo.
O que nos impressiona logo no início são as relações das crianças com os adultos, e também entre si. Ora muito infantis, ora muito adultas, essas relações, diálogos e desejos formam o corpo do roteiro, e antes que o público perceba, as preocupações são postas em segundo plano, e partimos para contemplar as atitudes e as sutis mudanças dos protagonistas e das personagens coadjuvantes. Ao final do filme, percebemos que a viagem de trem e o desejo que moveu todo um plano para que isso acontecesse foi uma espécie de ritual de passagem, o primeiro encontro desses pequenos com o mundo pouco amigável que os aguarda na vida adulta.
Produto de um país em constante reconstrução e de alta constituição tecnológica, O Que eu Mais Desejo é quase uma negação da robotização da infância e a prova de que as relações fraternas possuem um grande poder, superando tempo e distâncias. Embora o filme apresente alguns momentos fracos (em roteiro e composição técnica), o produto final é definitivamente positivo e certamente vai encantar a muitos espectadores. Vale a pena conferir.
O Que eu Mais Desejo (Kiseki / I Wish, Japão, 2011)
Direção: Hirokazu Koreeda
Roteiro: Hirokazu Koreeda
Elenco: Koki Maeda, Ohshirô Maeda, Ryôga Hayashi, Cara Uchida, Kanna Hashimoto, Rento Isobe, Hoshinosuke Yoshinaga, Hiroshi Abe, Yoshio Harada, Isao Hashizume
Duração: 128min.
Indicação de leitura: "Por favor, cuide da mamãe"

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pina Bausch: "Dança, dança, se não estaremos perdidos".


Direção: Wim Wenders
Ano: 2011
País de Origem: Alemanha / França / Reino Unido:
Indicado ao Oscar de 2012 como melhor Documentário

Quem foi Pina?

 

Ela revolucionou o mundo da dança. O “principal produto alemão de exportação“ dança e coreografa em todos os continentes. Mesmo assim, Pina Bausch – altamente talentosa e premiada – se mantém fiel à cidade de Wuppertal.      
Os dançarinos em cena não dançam. Correm. Gritam e riem, contam piadas. Alguém derrama água e joga terra no chão do palco. Talvez até cresça grama ali. Piruetas velozes e pernas esticadas para o alto são coisas inexistentes numa encenação dessas. Mas seres humanos – pessoas vivas com medos, amor, tristeza e fúria. "O que me interessa não é como as pessoas se movem, mas sim o que as move”, resume Pina Bausch o propósito de seu trabalho. A artista que se veste permanentemente de preto e calça número 41 é considerada uma das coreógrafas mais importantes do século 20.

No princípio era o nada

Elenco internacional: Ditta Miranda Jasjfi e Fernando Suels, em peça de 2003.
A dançarina Pina Bausch rompeu radicalmente com o balé clássico e se voltou contra a tradição da Modern Dance. Essa mulher virou todo o mundo da dança de pernas para o alto em seus 40 anos de trabalho. Teatro-dança é como a maioria denomina o que ela faz. Pina Bausch, no entanto, se refere a uma "abordagem psicológica individual". Cada peça é um novo apelo para que o espectador "confie em si mesmo, se enxergue e se sinta".
Embora a coreógrafa já tenha encenado mais de 30 peças e criado uma nova linhagem da dança, seu trabalho não se torna rotineiro e sempre está ligado a um certo risco. O medo não cessa: medo de fracassar, medo de não terminar a tempo. Afinal, "no princípio era o nada".

Sua carreira começou com aulas de balé. Nascida em 1940, em Solingen, filha de um dono de restaurante, Phillipine Bausch gostava de passar seu tempo debaixo da mesa. Ela costumava passar horas a fio no restaurante dos pais observando os fregueses. "Eu não queria ir para a cama."
Desde cedo se entusiasmou pela dança. As primeiras apresentações lúdicas com o balé infantil ocorreram em Wuppertal e Essen. Com 15 anos, iniciou sua formação de dança na Folkwangschule de Essen, fundada pelo célebre coreógrafo Kurt Joos.

Essen: Escola Superior Folkwang para Música, Teatro e Dança.
Quando Pina Bausch se recorda desse período, fala de uma "época excitante". Em Kurt Joos, ela encontrou ao mesmo tempo o "legendário renovador da dança expressiva", um mentor e uma pessoa de confiança. Além disso, especialmente inspiradora era a atmosfera criativa da escola, que até hoje une sob o mesmo teto todas as artes: teatro, música, dança, gravura e pintura. "A gente convivia, enxergava e escutava os demais, aprendia um com o outro", lembra Pina.
Em seus trabalhos tardios, ela viria a conjugar inúmeros elementos de dança, música, linguagem e teatro. Mas, antes de mais nada, a estudante concluiu o curso de Dança e Pedagogia em Dança no ano de 1958. E viajou imediatamente depois aos Estados Unidos, após ter recebido um prêmio de distinção e uma bolsa de estudos da Folkwang.

"Special student" Pina Bausch
"Não me senti nem um pouco sozinha em Nova York", conta ela. Afinal, a "special student" Pina Bausch mal teria tempo para tal. Ela estudou com Antony Tudor e José Limón, dançou na Juillard School of Music e na Metropolitan Opera.
A pedido de Kurt Joos, a jovem dançarina retornou à Alemanha em 1962. E começou a dançar como solista no recém-fundado balé da Folkwang, apresentando-se em Amsterdã, Hamburgo, Londres e no Festival de Salzburgo. Na época, a dançarina ainda não pensava em encenar, embora seus primeiros trabalhos como coreógrafa viessem a surgir alguns anos depois.
Foi com uma bota de sete léguas que Pina Bausch avançou de suas primeiras encenações bem-sucedidas de teatro-dança até o posto de coreógrafa e diretora do corpo de baile de Wuppertal. Após ter recebido o primeiro prêmio num concurso de coreografia de Colônia, ela assumiu a direção do estúdio de dança da Folkwang. Bausch tinha 33 anos quando foi contratada para dirigir o Balé do Teatro de Wuppertal, em 1973.

Companhia de teatro-dança de Wuppertal.
A ousadia de vanguarda da jovem coreógrafa chocou inicialmente grande parte do público. O que ocorria no palco muitas vezes não era aquilo que constava do programa impresso. Os bailarinos não necessariamente dançavam, mas, no mais, pareciam fazer de tudo... O público expressava sua indignação vaiando ou retirando-se do recinto, sem esquecer de bater a porta. Até telefonemas anônimos com ameaças ela chegou a receber.
A ruptura de tradições foi uma tarefa árdua, sobretudo num teatro subvencionado pelo Estado. Mas Pina Bausch não se deixou dissuadir de sua concepção de dança, para a qual não existem instruções de uso. Sua versão de Iphigenie auf Tauris (Ifigênia em Táuris), de 1974, foi recebida pela crítica como um dos acontecimentos mais importantes da temporada de dança.

Cavaleira da Legião de Honra
Com uma montagem de Brecht e Weill, Pina Bausch rompeu definitivamente com todas as formas tradicionais do teatro-dança em 1976. Ela se voltou para uma dança cênica obstinada e contundente, diretamente ligada ao teatro falado. Colagens de música popular, clássica, free jazz e enredos fragmentários culminaram numa nova forma de encenação, caracterizada por ações paralelas, contraposições estéticas e uma linguagem corporal incomum para a época.
Sua companhia se tornou a principal representante da dança da Alemanha Ocidental no exterior. Turnês em todos os continentes foram e continuam tendo uma recepção altamente entusiástica. Pina Bausch começou a acumular prêmios de todas as espécies, como o Prêmio Europeu de Teatro, o Praemium Imperiale japonês, a Cruz de Mérito do governo alemão, a condecoração da Legião de Honra, apenas para citar alguns.
Sua comunidade internacional de fãs continua crescendo e se reúne em Wuppertal, o novo local de peregrinação do teatro-dança. Nos palcos internacionais, a companhia de Bausch já se apresentou em co-produções com universidades de dança dos Estados Unidos, do Hong Kong Arts Festival, da Expo 1998 em Portugal, do Theatre de la Ville de Paris e muitos outros.

Cada montagem é única

Companhia de teatro-dança de Wuppertal.
"Cada peça é diferente, mas profundamente ligada a mim", descreve Pina Bausch sua acepção de teatro-dança. Seu trabalho combina tristeza e desespero calado com "a expressão calorosa do amor à vida", descreveu uma crítica. "Os temas permanecem os mesmos; o que muda são as cores", explica a coreógrafa. Ao narrar, ela se mantém fiel a determinados princípios: ações simultâneas, marcação das diagonais do palco, repetições propositais e suspense dramático por meio de contraposições e progressões.
Apesar dos êxitos das últimas décadas, a coreógrafa e dançarina prossegue seu trabalho incansavelmente. "A única coisa a fazer é realizar o trabalho junto com os dançarinos, de modo que cada apresentação seja um prazer. E isso tem que ser retrabalhado todas as noites."

Pina passou a dançar no outro mundo em 2009 em decorrência do câncer. Faleceu ao 68 anos. 


sábado, 10 de março de 2012

"A Árvore do Amor" - filme de uma sensibilidade incrível.

FILME - A Árvore do Amor



Direção: Zhang Yimou




Elenco: Zhou Dongyu e Dou Shawn



Nome Original: Under The Hawthorn Tree
Duração:115 minutos
Ano: 2010
País: China

Quem é fã dos últimos filmes de Zhang Yimou, em especial Herói, O Clã das Adagas Voadoras e A Maldição da Flor Dourada, pode se surpreender com a delicadeza e a vertente romântica de A Árvore do Amor.
Após ver seu pai preso pelo governo da China, Jing é mandada para o campo para passar por um período de reeducação durante a Revolução Cultural no país. Preocupada com o futuro de sua família, a jovem adota um comportamente bem prudente. Mas isso muda quando ela conhece Sun, o filho de um oficial, por quem se apaixona. Mesmo com origens tão distintas, os dois vivem um amor em segredo. Mas um dia Sun desaparece e retorna um tempo depois mudado. Jing terá que rever suas convicções para lutar pelo que realmente acredita.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

História comovente de "Nise da Silveira" - médica psiquiatra que trouxe a 'cura' através da arte nos hospitais psiquiátricos do Brasil

Poucos conhecem a encantadora obra deixada pela grande psiquiátrica NISE DA SILVEIRA na sáude brasileira.
Algoana nascida em 1905 e uma das primeiras do sexo feminino a se formar em medicina (foi aluna de Carl Jung) no país (Faculdade de Medicina da Bahia), seu nome é reverenciado por ter sido ela a mudar e, especialmente, humanizar o tratamento oferecido aos pacientes dos hospitais psiquiátricos, que eram muito comum tratá-los com eletrochoques, lobotomias e qualquer forma agressiva de tratamento, Nise decidiu, pelo contrário, "curar" através da arte. Houve muita resistência de muitos médicos, inclusive os mais famosos da época, pela adotação de tais práticas.Os médicos colocavam os "loucos" como alguém sem alma e sem vida.
Ao começar sua carreira profissional de médica, Nise da Silveira foi presa no governo de Getúlio Vargas, em 1936. O motivo? A denúncia de ler um livro comunista. Nise ficou presa por um ano e meio, passou os sete anos seguintes à sombra do marido. Ela se anulou como "psiquiátrica". Ao ser reintegrada ao serviço púbrlico de psquiatria, foi rebaixada ao cargo de terapeuta ocupacional, visto, pela equipe médica da época, como uma função inferior.
Continuando a perserverança da tranformação, Nise disse o 'não" definitivo ao eletrochoque e todos os procedimentos violentos praticados contra os doentes. Adotou a arte como método alternativo de tratamento e implantou no hospital o espaço que se chamava de "Ilha do Amor", com ateliês de pintura, desenho, modelagem e oficinas de ajrdinagem, bordado, dança e teatro.

Quer conhecer mais a história de Nise da Silveira?

Sua história estará brevemente nos cinemas em filme protagonizado por Glória Pires. Sua história já está no Teatro Eva Herz - Livraria Cultura do Conjunto Nacional - Avenida Paulista., com o monólogo Nise da Silveira - Senhora das Imagens, dirigida por Daniel Lobo e com a atuação
Mariana Terra.  
 


domingo, 19 de fevereiro de 2012

"A Dama de Ferro" Margaret Thatcher (A glória e a dor)

REFLEXÃO:

Meryl Streep brilha como a protagonista de A Dama de Ferro: consagração

"A Dama de Ferro" é uma reflexão sobre a existência humana. Deveria ser visto, obrigatoriamente, pelos políticos, a fim de perceberem que o poder que ostentam é fugaz e que deveriam exercê-lo na firmeza do engrandecimento de seu país e não dos próprios bolsos.

O que chama a atenção em "A Dama de Ferro" é o tratamento simplificado de dois extremos da existência humana - a glória e a dor. É aí que se percebe o brilhantismo do roteiro de Abi Morgan, ao reconstruir, simultaneamente, duas histórias: a de uma líder por natureza e a de um período turbulento do país por ela governado.

Morgan coloca o presente como base da reconstrução dos processos históricos. O presente vivenciado por Margaret Thatcher (Meryl Streep, em atuação memorável), uma anônima nos locais públicos e uma solitária no interior de sua casa - dimensionado como um enclausuramento por escolha pessoal -, cuja convivência maior é com os fantasmas de sua existência. Um presente doloroso para Thatcher em sua luta com a consciência e a demência, cuja definição ela mesma expressa: "Costumava ser a tentativa de fazer alguma coisa. Agora, trata-se de tentar ser alguém".

É nessa luta para manter a identidade que Thatcher debate-se com a sua condição de mulher com 86 anos obrigada a conviver com fantasmas. O corpo fragilizado pela velhice e a mente sob as ordens da doença que a faz viver entre tormentos. Lampejos de um e de outro, glória e dor, consciência e demência. É o corpo de Thatcher uma prisão para uma mente em luta para se libertar de si mesma e de seus fantasmas. Os fantasmas se expressam na presença espiritual do falecido marido, Dennis (um ótimo Jim Broadbent), e nas recordações entrecortadas. Dennis, em espírito, está lá cotidianamente para continuar a exercer o trabalho o qual fez desde que a conheceu: estar a seu lado, amparando-a

Na construção cinematográfica da história da mulher que teve nas mãos o poder de governar uma nação, se sobressai o seu pensamento político-liberal baseado na "proteção ao 1%", ressaltando na sequência em que ela defende, junto a partidários e oposicionistas, a unificação do imposto - o qual será pago pelo trabalho de 99% das formigas da ordem social do neoliberalismo. Thatcher pensava que esse dinheiro retornaria via emprego e desenvolvimento, mas o 1% apenas aguardava o momento de praticar o "quanto mais tenho mais quero". As crises econômicas que estouram quase anualmente são formalizadas por essa classe para a qual "o dinheiro nunca dorme".

Esse diálogo significativo ocorrido na Câmara dos Comuns surge como um dos grandes momentos de "A Dama de Ferro" e expressa o pensamento, a glória, a dor e a desgraça de Thatcher. Eis a história política da mulher poderosa cujo "não" impositivo e temido ouvido pela Inglaterra e o planeta durante 11 anos e que acabou derrubada por políticos populistas, sindicatos e o corporativismo. Há quem relacione as crises econômicas atuais como culpa de Thatcher por ter desregulamentado os bancos e criado os tubarões dos bônus bancários, entre outros do 1%. Há ainda os que a lembram como estadista por ter dado à Inglaterra a atual estabilidade econômica. O filme capta a ascensão de Margaret ao poder, a briga com os sindicatos, a imposição de um programa de privatização, o enfrentamento da oposição, o revide do Exército Republicano Irlandês, o IRA, e os atentados dentro da Inglaterra, a guerra com a Argentina pelas ilhas Malvinas, e a resistência a unificação europeia.

Mas, reside na história da mulher que foi poderosa e hoje vive reclusa a preponderância do filme. Passado e presente se mesclam para compor o quadro histórico da vida da baronesa Margaret Thatcher e promover reflexão sobre como nós construímos nossa própria história. "A Dama de Ferro" adentra ao enclausuramento de Thatcher, revela a sua velhice como o reduto das memórias e as extrai como processo da história. A grandeza desse filme está no olhar piedosamente humano através do qual Phyllida Lloyd e Abi Morgan mostram a luta dessa mulher para se manter lúcida.

Doloroso e reflexivo, o longa resgata a história da personagem rígida que quebrou as barreiras da política abrindo uma porta para as mulheres. Não por menos, Ronald Reagan, então presidente dos EUA e seu aliado, a definiu como "a mulher com os olhos de Calígula e lábios

sábado, 21 de janeiro de 2012

Vi e gostei muito.

A Separação conta a história da separação de Nader (Peyman Moaadi) e Simin (Leila Hatami), um casal diferente dos que estamos acostumados a imaginar no Irã: Nader um marido compreensivo e não machista, aceita em ceder o divórcio a Simin, que quer deixar o país junto a ele e sua filha porque não quer que a garota cresça no Irã. Porém, seu pai é um idoso que sofre de Alzheimer em estágio avançado, que necessita de seus e por este motivo ele não aceita deixar o país e abandoná-lo. Nader é obrigado a contratar uma diarista - sem o aval de seu marido, e grávida - para tomar conta de seu pai enquanto trabalha. Diante disso uma série de acontecimentos seguidos de problemas caem sob a família.
Recebeu o prêmio - Globo de Ouro - 2012 como Melhor Filme de Língua Estrangeira.

Título Original: Jodaeiye Nader az Simin
Gênero: Drama
Duração: 123 min.
Origem: Irã
Estreia: 20 de Janeiro de 2012
Direção: Asghar Farhadi
Roteiro: Asghar Farhadi
Distribuidora: Imovision
Ano: 2011







Outro belíssimo filme "A Fonte das Mulheres"

• Sinopse: Em um vilarejo entre a África do Norte e o Oriente Médio, as mulheres precisam enfrentar sol e longas caminhadas para buscar água. Leila, no entanto, propõe às mulheres de lá para fazer uma greve de amor e sexo, obrigando os homens a buscar a água. La Source des Femmes, 2011)
• Direção: Radu Mihaileanu
• Roteiro: Alain-Michel Blanc (roteiro), Radu Mihaileanu (roteiro)
• Gênero: Comédia/Drama
• Origem: Bélgica/França/Itália
• Duração: 135 minutos
• Tipo: Longa-metragem

A Fonte das Mulheres - Cartaz

A Fonte das Mulheres