"Estou aguardando ansiosamente seu novo livro 'Meus Desacontecimentos'. lançado recentemente, será recolhido das livrarias por conta de erros na impressão. A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago, 2006) pude compartilhar com meus professores, nos encontros formativos, as histórias dos invisíveis em nossa sociedade. Aqueles que estão à margem de qualquer condição básica da vida. Eliane tira essas pessoas do subterrâneo e nos apresentam que elas são vivas, mas é preciso que tenhamos consciências das invisibilidades e que façamos algo para mudar esta realidade. Leio diariamente seus artigos. A cada ano, esta encantadora jornalista traz provocações que não tem como ficar inerte a tudo que está aos nossos olhos. Eu digo sempre, que ela dá o terceiro olho para que podemos enxergar e alcançar aquilo que não queremos ver". (Jean Carlo 26\03\14)

Historiadora do cotidiano, só sabe existir na palavra. Uma repórter que retrata histórias de pessoas e problemas comuns em nosso País e que são deixados de lado diariamente
Eliane Brum nasceu em Ijuí (RS), em março de 1966. É jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), em 1988.
Passou a infância no distrito de Barreiro, lendo tudo o que podia. Achava jornal muito chato, pois não tinha gente. Em Porto Alegre, prestou vestibular para biologia e informática, e iniciou a faculdade de história, que não concluiu. Sem a convicção de que seria uma boa profissional, ia desistindo também da de jornalismo. O professor Marques Leonan, no entanto, acabou por convencê-la de que esse era um caminho que merecia ser percorrido.
Um texto escrito na faculdade lhe garantiu um estágio na Zero Hora (RS), em 1988. Lá ficou por 11 anos. No início, aprendeu muito com Marcelo Rech e Carlos Wagner. Sofria terrivelmente com as mudanças que faziam em seu texto, mas percebeu a importância da diagramação e das fotografias. Foi repórter de Geral e Polícia.
Sua primeira grande reportagem foi publicada em 1989. A pauta pedia uma matéria sobre a inauguração de uma loja McDonald’s na Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Optou por não fazer uma matéria meramente informativa: ficou do lado de fora da lanchonete, ao lado de um grupo de velhinhos que, então, passavam os dias jogando xadrez por ali. Entregou uma matéria sobre o estranhamento entre a chegada da modernidade e as pessoas de um tempo que irremediavelmente já passara. A matéria foi bem recebida na redação e a repórter sentiu que começava a conquistar o seu espaço.
No final dos anos 1990, passou a assinar a coluna A vida que ninguém vê, nas edições de sábado do jornal, no final dos anos 1990, contando histórias da vida real. Deixou o jornal em janeiro de 2000.
Foi para São Paulo (SP) ser repórter especial da Época. Escreveu, na revista, reportagens realmente especiais. Uma delas a marcou muito: acompanhou uma mulher nos seus últimos 115 dias de vida. O confronto com a morte a obrigou a um profundo confronto com a vida e a preparou para seguir novos caminhos. A tecnologia também: passou a publicar uma coluna na web, a partir de 2009.
Em março de 2010, saiu da redação de Época, sem realmente deixá-la. Escreve ainda uma coluna semanal para o site da revista, com direito à escolha do assunto. Eventualmente, produz alguma matéria para a publicação. Em janeiro de 2011, por exemplo, entregou aos editores uma reportagem que levou nove anos para fazer.
Escreveu, também, semanalmente, para o site Vida breve, cuja vida não foi muito longa: de novembro de 2009 a setembro de 2011. E colaborou com a revista Norte (RS), da Arquipélago Editorial, entre 2007 e 2010.
Não gosta de direcionar a matéria, prefere deixar que as pessoas falem antes. Acha que a consciência da própria fragilidade auxilia o repórter a contar suas histórias. E que é importante honrar com sensibilidade as histórias que são concedidas pelos personagens. Para ela, “nenhuma matéria é mais importante que uma vida”.
É uma das jornalistas mais premiadas do país, segundo o ranking criado em parceria pelo Instituto Corda e o Jornalistas&Cia, que pesquisou quase 70 prêmios de jornalismo, do Brasil e do Exterior. Foram dezenas de prêmios conquistados ao longo de uma bem sucedida carreira. Além disso, venceu outros pelos trabalhos literários – inclusive um Jabuti – e cinematográficos.
É autora dos livros-reportagem Coluna Prestes: O avesso da lenda (Artes e Ofícios, 1994), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago, 2006) e O Olho da Rua – Uma repórter em busca da literatura da vida real (Editora Globo, 2008). Publicou, ainda, Gotas da minha infância – quando tinha 11 anos – e o romance Uma Duas (LeYa, 2011), seu primeiro trabalho de ficção.
Dirigiu e roteirizou, com Débora Diniz, o documentário Uma história Severina, em 2005. Lançou outro, em 2010: Gretchen Filme Estrada – a última turnê e a primeira campanha política da rainha do rebolado, realizado com Paschoal Samora (2010).
É casada com o jornalista e roteirista João Luiz Guimarães.
Em homenagem ao Dia do Jornalista, em 7 de abril de 2013, Jornalistas&Cia solicitou a dois editores que preparassem textos especiais sobre a vida dos dez primeiros colocados no Ranking Jornalistas&Cia dos Mais Premiados Jornalistas de Todos os Tempos, divulgado no final de 2012. Paulo Vieira Lima e Pedro Venceslau cuidaram da tarefa buscando na trajetória desses premiados um lado mais pessoal da vida de cada um, perfil que integraliza o ser profissional. Entre eles está Eliane Brum
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