quinta-feira, 3 de julho de 2014

Minha presença na Fundação José Saramago - Lisboa (20\05\14)

Foi uma visita bastante emotiva. Entrar nas palavras concretas de Saramago é algo inexplicável. Saber que ali estão reunidas as palavras, os sentimentos, a luta incansável de Saramago diante de todas as mazelas presentes na sociedade, que tanto ele conseguiu expressivamente desenhar de forma poética e realista nas suas obras. Suas palavras viajou e continua viajando por todos os continentes. Ainda muitas gerações que estão por conhecerão seu legado.  
A maior surpresa foi ser recebido e acolhido pela sua esposa Pilar del Rio, que graciosamente pôde mostrar uma parte do acervo da Fundação. Durante a visitação,  Pilar comentara comigo que reservara um canto especial com imagens fotográficas do convívio de Saramago com Jorge Amado. Fui agraciado ainda com foto e o livro do pronunciamento de Saramago em Estocolmo, quando recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1998. 
 


O que você vê além dos seus olhos? (Jean Carlo)


 

Casa dos Bicos - patrimônio da prefeitura de Lisboa concedida à Fundação Saramago



Homenagem da Companhia TAP ao escritor José Saramago \ maio 2014

Show Inesquecível "Atento aos Sinais" - Ney Matogrosso

No dia 22\04\14 assisti ao show "Atento aos Sinais" do intérprete Ney Matogrosso no Teatro Bradesco - Shopping Bourbom. Com figurinos assinados por Ocimar Versolato, Ney percorre um repertório recheado de boas composições de novos nomes nacionais, como Criolo (Freguês da Meia-Noite), e pérolas mais antigas. A obra de Itamar Assumpção, por exemplo, aparece em Noite Torta, Isso Não Vai Ficar Assime Fico Louco. A banda que o acompanha traz Sacha Amback (direção musical e teclados), Marcos Suzano e Felipe Roseno (percussão), Dunga (baixo), Mauricio Almeida e Mauricio Negão (guitarra), Aquiles Moraes (trompete) e Everson Moraes (trombone). Há poucos ingressos para a apresentação no sábado (7/6/2014); no domingo (8/6/2014), ocorre a gravação do DVD do espetáculo.


<p> O cantor Ney Matogrosso: figurinos de Ocimar Versolato</p>
<p> Ney Matogrosso</p>

quarta-feira, 26 de março de 2014

Eliane Brum - por que te admiro tanto?

"Estou aguardando ansiosamente seu novo livro 'Meus Desacontecimentos'. lançado recentemente, será recolhido das livrarias por conta de erros na impressão. A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago, 2006) pude compartilhar com meus professores, nos encontros formativos, as histórias dos invisíveis em nossa sociedade. Aqueles que estão à margem de qualquer condição básica da vida. Eliane tira essas pessoas do subterrâneo e nos apresentam que elas são vivas, mas é preciso que tenhamos consciências das invisibilidades e que façamos algo para mudar esta realidade. Leio diariamente seus artigos. A cada ano, esta encantadora jornalista traz provocações que não tem como ficar inerte a tudo que está aos nossos olhos. Eu digo sempre, que ela dá o terceiro olho para que podemos enxergar e alcançar aquilo que não queremos ver". (Jean Carlo 26\03\14) 
Eliane BrumEliane Brum
Historiadora do cotidiano, só sabe existir na palavra. Uma repórter que retrata histórias de pessoas e problemas comuns em nosso País e que são deixados de lado diariamente

Eliane Brum nasceu em Ijuí (RS), em março de 1966. É jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), em 1988.
 
Passou a infância no distrito de Barreiro, lendo tudo o que podia. Achava jornal muito chato, pois não tinha gente. Em Porto Alegre, prestou vestibular para biologia e informática, e iniciou a faculdade de história, que não concluiu. Sem a convicção de que seria uma boa profissional, ia desistindo também da de jornalismo. O professor Marques Leonan, no entanto, acabou por convencê-la de que esse era um caminho que merecia ser percorrido.
 
Um texto escrito na faculdade lhe garantiu um estágio na Zero Hora (RS), em 1988. Lá ficou por 11 anos. No início, aprendeu muito com Marcelo Rech e Carlos Wagner. Sofria terrivelmente com as mudanças que faziam em seu texto, mas percebeu a importância da diagramação e das fotografias. Foi repórter de Geral e Polícia.
 
Sua primeira grande reportagem foi publicada em 1989. A pauta pedia uma matéria sobre a inauguração de uma loja McDonald’s na Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Optou por não fazer uma matéria meramente informativa: ficou do lado de fora da lanchonete, ao lado de um grupo de velhinhos que, então, passavam os dias jogando xadrez por ali. Entregou uma matéria sobre o estranhamento entre a chegada da modernidade e as pessoas de um tempo que irremediavelmente já passara. A matéria foi bem recebida na redação e a repórter sentiu que começava a conquistar o seu espaço.
 
No final dos anos 1990, passou a assinar a coluna A vida que ninguém vê, nas edições de sábado do jornal, no final dos anos 1990, contando histórias da vida real. Deixou o jornal em janeiro de 2000.
 
Foi para São Paulo (SP) ser repórter especial da Época. Escreveu, na revista, reportagens realmente especiais. Uma delas a marcou muito: acompanhou uma mulher nos seus últimos 115 dias de vida. O confronto com a morte a obrigou a um profundo confronto com a vida e a preparou para seguir novos caminhos. A tecnologia também: passou a publicar uma coluna na web, a partir de 2009.
 
Em março de 2010, saiu da redação de Época, sem realmente deixá-la. Escreve ainda uma coluna semanal para o site da revista, com direito à escolha do assunto. Eventualmente, produz alguma matéria para a publicação. Em janeiro de 2011, por exemplo, entregou aos editores uma reportagem que levou nove anos para fazer.
 
Escreveu, também, semanalmente, para o site Vida breve, cuja vida não foi muito longa: de novembro de 2009 a setembro de 2011. E colaborou com a revista Norte (RS), da Arquipélago Editorial, entre 2007 e 2010.
 
Não gosta de direcionar a matéria, prefere deixar que as pessoas falem antes. Acha que a consciência da própria fragilidade auxilia o repórter a contar suas histórias. E que é importante honrar com sensibilidade as histórias que são concedidas pelos personagens. Para ela, “nenhuma matéria é mais importante que uma vida”.
 
É uma das jornalistas mais premiadas do país, segundo o ranking criado em parceria pelo Instituto Corda e o Jornalistas&Cia, que pesquisou quase 70 prêmios de jornalismo, do Brasil e do Exterior. Foram dezenas de prêmios conquistados ao longo de uma bem sucedida carreira. Além disso, venceu outros pelos trabalhos literários – inclusive um Jabuti – e cinematográficos.
 
É autora dos livros-reportagem Coluna Prestes: O avesso da lenda (Artes e Ofícios, 1994), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago, 2006) e O Olho da Rua – Uma repórter em busca da literatura da vida real (Editora Globo, 2008). Publicou, ainda, Gotas da minha infância – quando tinha 11 anos – e o romance Uma Duas (LeYa, 2011), seu primeiro trabalho de ficção.
 
Dirigiu e roteirizou, com Débora Diniz, o documentário Uma história Severina, em 2005. Lançou outro, em 2010: Gretchen Filme Estrada – a última turnê e a primeira campanha política da rainha do rebolado, realizado com Paschoal Samora (2010).
 
É casada com o jornalista e roteirista João Luiz Guimarães.
 
Em homenagem ao Dia do Jornalista, em 7 de abril de 2013, Jornalistas&Cia solicitou a dois editores que preparassem textos especiais sobre a vida dos dez primeiros colocados no Ranking Jornalistas&Cia dos Mais Premiados Jornalistas de Todos os Tempos, divulgado no final de 2012. Paulo Vieira Lima e Pedro Venceslau cuidaram da tarefa buscando na trajetória desses premiados um lado mais pessoal da vida de cada um, perfil que integraliza o ser profissional. Entre eles está Eliane Brum

Show da Ná Ozzetti "Embalar" no Sesc Santana

"Mais uma vez estive presente no show desta maravilhosa artista "Ná Ozzetti" com seu 10º disco, sobretudo pela belas letras, arranjos e melodias. Além da sua voz, ela ganha o público pela sua arte cênica. Se Itamar Assunpção (este conhecido como 'maldito' porque sabia tocar o coração com suas letras e voz. A mim ele toca até hoje). estivesse aqui, não ficaria fora deste disco. Mas ele deve ter dado aquele sorriso lindo, lá das alturas, quando ela entrou em cena". Belíssimos os vídeos apresentados no palco". (Jean Carlo) 
 
É o segredo das canções: o casamento perfeito entre melodia e letra - Ná Ozzetti, cantora (Circus/divulgação)
 
“Um brinde às minhas amizades musicais”. Assim a cantora Ná Ozzetti define 'Embalar', o 10º disco solo de carreira, depois da passagem pelo grupo Rumo, que marcou profundamente sua trajetória. Adepta assumida da canção, que explora como poucas intérpretes, Ná convidou artistas de várias gerações para participar do novo CD.

O repertório reúne de Tulipa Ruiz, com quem ela compôs 'Pra começo de conversa', a Luiz Tatit, parceiro mais antigo e constante (a dupla assina 'Miolo'), passando pela estreia da dobradinha Kiko Dinucci e Jonathan Silva (autores da divertida e comovente 'Lizete', que “endoideceu de amor ao se envolver com a Rebeca”), além da amiga Monica Salmaso – as duas dividem a interpretação de 'Minha voz', da mineira Déa Trancoso.

Ná Ozzetti se supera mais uma vez. Com repertório a cada dia mais próximo das camadas populares, mas sem abrir mão da qualidade, ela confessa: “Sou uma intérprete de canções”. Mas a paulista cultiva também sua veia autoral. Conta que, ao criar melodias, acaba convocando parceiros para letrá-las. “Geralmente, faço primeiro a música e envio para eles”, revela.

Com Alice Ruiz, porém, ocorreu o contrário: Ná acaba de musicar Olhos de Camões a partir de um “poemontagem” da poeta sobre versos do autor português. “É um processo bem natural. Gosto de elaborar melodias”, explica. Muitas vezes, a cantora-compositora parte de um ritmo para chegar ao resultado desejado. No caso das parcerias, prefere deixar que o companheiro sinta a música para escolher o tema das letras.

CASAMENTO Na hora de escolher o que cantar, entra o gosto da intérprete, marcado por opções pessoais. “É o segredo das canções: o casamento perfeito entre melodia e letra”, afirma Ná. Para ela, a canção deve ser interessante e provocativa, assim como a melodia. “Tem de mexer comigo, dar vontade de criar a interpretação”, explica.
 
Depois de Meu quintal e Balangandãs, este dedicado ao repertório de Carmen Miranda, Embalar é o terceiro CD da cantora com a banda base formada por Mário Manga (guitarras e violoncelos), o irmão, Dante Ozzetti (violões), Sérgio Reze (bateria e gongos melódicos) e Zé Alexandre Carvalho (contrabaixo).

Para brindar com os amigos, ela recebeu a cantora Monica Salmaso (Minha voz), Ivan Vilela (viola caipira em As estações e Olhos de Camões), Juçara Marçal (voz em Musa da música), Kiko Dinucci (voz e guitarras em Lizete), Marcelo Pretto (voz em Olhos de Camões), Mariana Furquim (voz em Musa da música) e Uirá Ozzetti (violino em A lente do homem, As estações, Nem oi e Olhos de Camões).
  Repertório
Embalar Dante Ozzetti e Luiz Tatit; Musa da música; Dante Ozzetti e Luiz Tatit; A lente do homem Manu Lafer; Minha voz Déa Trancoso; Miolo Ná Ozzetti e Luiz Tatit; Lizete Kiko Dinucci; e Jonathan Silva; Nem oi Dante Ozzetti e Makely Ka; Olhos de Camões Ná Ozzetti, Alice Ruiz e Luis de Camões; As estações Dante Ozzetti e Luiz Tatit;Os enfeites de cunhã Ná Ozzetti e Joãzinho  Gomes;  Pra começo de conversa Ná Ozzetti e Tulipa Ruiz

 EMBALAR

De Ná Ozzetti
A íntegra do CD está disponibilizada para download gratuito no site www.naozzetti.com.
 
 

Livro "Tudo que tenho levo comigo" autora Herta Muller

"Como não se envolver com essa narrativa, que considero a riqueza de estilo poético presente nesta obra - 'Tudo que tenho levo comigo', sobretudo quando Muller se refere ao ANJO DA FOME presente nos corpos, nas mentes dos prisioneiros e a cada lugar do campo de concentração. Sua presença está nas ferramentas, no solo, nas paredes, no ar, na chuva, nos utensílios de comer, nas vestes etc. ANJO que definha diariamente os prisioneiros (sonhos, desejos, paixões, afetos, sobretudo o alcance da possibilidade da liberdade). Quando se alcança a liberdade, jamais será a mesma que fora estabelecida antes do aprisionamento. Não se apaga jamais a imagem do ANJO. Este é o avesso daqueles que anjos que estamos acostumados ver nas pinturas renascentistas.  O ANJO DA FOME se apresenta com garras enormes, de um olho só , cicatriz enorme numa das face do rosto, trajes preto e sem alma". (Jean Carlo)




Fim da guerra, 1945. Para a minoria alemã na Romênia é o início de um período de horror e silêncio. Nos cinco anos seguintes, por volta de 30 mil saxões residentes na Transilvânia foram deportados para campos de trabalhos forçados. Segundo Stálin, os povos de origem alemã deveriam pagar pelos crimes da guerra e trabalhar na reconstrução da União Soviética. Os campos caracterizaram-se por condições desumanas e insalubres, e os ex-internos preferiram esquecer o que aconteceu ali.
Parte dessa minoria alemã, Herta Müller tomou o relato de um amigo, o poeta Oscar Pastior, como base para este romance sobre a dura experiência nos campos. O projeto que deveria ser realizado a quatro mãos foi interrompido com a morte de Pastior, e Müller o assumiu sozinha. O resultado é essa narrativa dolorosa, construída com uma escrita altamente poética, seca e pungente.
Trata-se da história de Leo Auberg, um jovem de dezessete anos, gay, que é internado num campo soviético. Ali ele convive com a fome, trabalhos forçados, doenças, solidão e morte. Cinco anos depois, Leo volta para casa, mas percebe que tal retorno é impossível.