terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

História comovente de "Nise da Silveira" - médica psiquiatra que trouxe a 'cura' através da arte nos hospitais psiquiátricos do Brasil

Poucos conhecem a encantadora obra deixada pela grande psiquiátrica NISE DA SILVEIRA na sáude brasileira.
Algoana nascida em 1905 e uma das primeiras do sexo feminino a se formar em medicina (foi aluna de Carl Jung) no país (Faculdade de Medicina da Bahia), seu nome é reverenciado por ter sido ela a mudar e, especialmente, humanizar o tratamento oferecido aos pacientes dos hospitais psiquiátricos, que eram muito comum tratá-los com eletrochoques, lobotomias e qualquer forma agressiva de tratamento, Nise decidiu, pelo contrário, "curar" através da arte. Houve muita resistência de muitos médicos, inclusive os mais famosos da época, pela adotação de tais práticas.Os médicos colocavam os "loucos" como alguém sem alma e sem vida.
Ao começar sua carreira profissional de médica, Nise da Silveira foi presa no governo de Getúlio Vargas, em 1936. O motivo? A denúncia de ler um livro comunista. Nise ficou presa por um ano e meio, passou os sete anos seguintes à sombra do marido. Ela se anulou como "psiquiátrica". Ao ser reintegrada ao serviço púbrlico de psquiatria, foi rebaixada ao cargo de terapeuta ocupacional, visto, pela equipe médica da época, como uma função inferior.
Continuando a perserverança da tranformação, Nise disse o 'não" definitivo ao eletrochoque e todos os procedimentos violentos praticados contra os doentes. Adotou a arte como método alternativo de tratamento e implantou no hospital o espaço que se chamava de "Ilha do Amor", com ateliês de pintura, desenho, modelagem e oficinas de ajrdinagem, bordado, dança e teatro.

Quer conhecer mais a história de Nise da Silveira?

Sua história estará brevemente nos cinemas em filme protagonizado por Glória Pires. Sua história já está no Teatro Eva Herz - Livraria Cultura do Conjunto Nacional - Avenida Paulista., com o monólogo Nise da Silveira - Senhora das Imagens, dirigida por Daniel Lobo e com a atuação
Mariana Terra.  
 


domingo, 19 de fevereiro de 2012

"A Dama de Ferro" Margaret Thatcher (A glória e a dor)

REFLEXÃO:

Meryl Streep brilha como a protagonista de A Dama de Ferro: consagração

"A Dama de Ferro" é uma reflexão sobre a existência humana. Deveria ser visto, obrigatoriamente, pelos políticos, a fim de perceberem que o poder que ostentam é fugaz e que deveriam exercê-lo na firmeza do engrandecimento de seu país e não dos próprios bolsos.

O que chama a atenção em "A Dama de Ferro" é o tratamento simplificado de dois extremos da existência humana - a glória e a dor. É aí que se percebe o brilhantismo do roteiro de Abi Morgan, ao reconstruir, simultaneamente, duas histórias: a de uma líder por natureza e a de um período turbulento do país por ela governado.

Morgan coloca o presente como base da reconstrução dos processos históricos. O presente vivenciado por Margaret Thatcher (Meryl Streep, em atuação memorável), uma anônima nos locais públicos e uma solitária no interior de sua casa - dimensionado como um enclausuramento por escolha pessoal -, cuja convivência maior é com os fantasmas de sua existência. Um presente doloroso para Thatcher em sua luta com a consciência e a demência, cuja definição ela mesma expressa: "Costumava ser a tentativa de fazer alguma coisa. Agora, trata-se de tentar ser alguém".

É nessa luta para manter a identidade que Thatcher debate-se com a sua condição de mulher com 86 anos obrigada a conviver com fantasmas. O corpo fragilizado pela velhice e a mente sob as ordens da doença que a faz viver entre tormentos. Lampejos de um e de outro, glória e dor, consciência e demência. É o corpo de Thatcher uma prisão para uma mente em luta para se libertar de si mesma e de seus fantasmas. Os fantasmas se expressam na presença espiritual do falecido marido, Dennis (um ótimo Jim Broadbent), e nas recordações entrecortadas. Dennis, em espírito, está lá cotidianamente para continuar a exercer o trabalho o qual fez desde que a conheceu: estar a seu lado, amparando-a

Na construção cinematográfica da história da mulher que teve nas mãos o poder de governar uma nação, se sobressai o seu pensamento político-liberal baseado na "proteção ao 1%", ressaltando na sequência em que ela defende, junto a partidários e oposicionistas, a unificação do imposto - o qual será pago pelo trabalho de 99% das formigas da ordem social do neoliberalismo. Thatcher pensava que esse dinheiro retornaria via emprego e desenvolvimento, mas o 1% apenas aguardava o momento de praticar o "quanto mais tenho mais quero". As crises econômicas que estouram quase anualmente são formalizadas por essa classe para a qual "o dinheiro nunca dorme".

Esse diálogo significativo ocorrido na Câmara dos Comuns surge como um dos grandes momentos de "A Dama de Ferro" e expressa o pensamento, a glória, a dor e a desgraça de Thatcher. Eis a história política da mulher poderosa cujo "não" impositivo e temido ouvido pela Inglaterra e o planeta durante 11 anos e que acabou derrubada por políticos populistas, sindicatos e o corporativismo. Há quem relacione as crises econômicas atuais como culpa de Thatcher por ter desregulamentado os bancos e criado os tubarões dos bônus bancários, entre outros do 1%. Há ainda os que a lembram como estadista por ter dado à Inglaterra a atual estabilidade econômica. O filme capta a ascensão de Margaret ao poder, a briga com os sindicatos, a imposição de um programa de privatização, o enfrentamento da oposição, o revide do Exército Republicano Irlandês, o IRA, e os atentados dentro da Inglaterra, a guerra com a Argentina pelas ilhas Malvinas, e a resistência a unificação europeia.

Mas, reside na história da mulher que foi poderosa e hoje vive reclusa a preponderância do filme. Passado e presente se mesclam para compor o quadro histórico da vida da baronesa Margaret Thatcher e promover reflexão sobre como nós construímos nossa própria história. "A Dama de Ferro" adentra ao enclausuramento de Thatcher, revela a sua velhice como o reduto das memórias e as extrai como processo da história. A grandeza desse filme está no olhar piedosamente humano através do qual Phyllida Lloyd e Abi Morgan mostram a luta dessa mulher para se manter lúcida.

Doloroso e reflexivo, o longa resgata a história da personagem rígida que quebrou as barreiras da política abrindo uma porta para as mulheres. Não por menos, Ronald Reagan, então presidente dos EUA e seu aliado, a definiu como "a mulher com os olhos de Calígula e lábios