No dia 23\08\2013 estive no Instituto Tomie Ohtake para apreciar a exposição "Tomie Ohtake influxo das formas". A exposição trata dos diversos processos e técnicas desenvolvidas pela artista após seus 39 anos. O início do seu trabalho é diretamente com as páginas de revistas brasileiras e japonesas - além dos cartões postais, na qual rasgavam as mesmas a fim de criar módulos de seus estudos para pinturas e gravuras. A artista também preenchia cadernos e folhas soltas com dezenas de pequenos retângulos, cada um a síntese sucinta de uma pintura. Feitas com canetas coloridas, esferográficas, grafite e mesmo com picotes de papel, essas miniaturas podiam ser o ponto de partida para novas telas ou podiam formar compilações de obras que juntas integrariam uma exposição.
Percorri minuciosamente as duas salas de exposição. De repente vi um grande grupo adentrar a primeira sala acompanhada da monitora do Instituto. Aproveitei para pegar a corona do grupo. Durante o percurso, perguntei ao jovem (aproximadamente 21 anos) se o grupo era de escola. Gentilmente ele respondeu que todo o grupo pertencia ao albergue da Zona Leste. Durante todo o trajeto da exposição, os jovens e alguns senhores deste grupo estavam bastante sensibilizados com as obras de Tomie. Levantaram perguntas instigantes e com profundezas. Seus olhares, gestos e questões me tocaram profundamente. Fiquei muito emocionado com tudo que vi no grupo. Ganhei o dia.
CURIOSIDADE:
Aos 90 anos, Tomie Ohtake podia ser vista nadando em sua piscina. Hoje, aos
100, a pintora se contenta em andar de bicicleta (ergométrica), ainda que dentro
de sua casa, no Campo Belo, zona sul de São Paulo. Mas, se o físico impõe suas
regras, a memória eidética da pintora compensa essas limitações. Tomie é capaz
de lembrar como ganhou de presente de Volpi a pequena tela de sua sala de estar,
ou o dia em que virou amiga de Yoko Ono, quando a viúva de John Lennon, também
artista plástica, montou em São Paulo uma exposição pela paz mundial. Figura
presente em todos os eventos artísticos da cidade, ela já não sai tanto de casa,
mas acompanha pela televisão tudo o que acontece no mundo. Sua mais recente
paixão, revela, é o papa Francisco. Não católica, Tomie ficou surpresa
com suas
declarações a respeito dos desafortunados.